História

900 Anos de Foral

História

Ponte de Lima nasceu como povoação no século XII, com a concessão do Foral, mas a sua localização foi determinado por um fato histórico bem anterior: a construção da ponte romana. Este importante elemento do itinerário XIX, que ligava Braga (Bracara Augusta) a Astorga (Asturica Augusta), é que definiu para sempre a situação do futuro burgo neste exato ponto da extensão do rio Lima, a cerca de 25 km do Oceano Atlântico. Ficava assim para sempre criada a posição central de “Ponte” no vale do Lima, tornando este local, para os tempos vindouros, num imprescindível ponto de passagem para exércitos, comerciantes, construtores, peregrinos e outros viandantes.

Foral

D. Teresa

D. Teresa concede foral a Ponte de Lima, em 1125. Ilustração de Susana Espadilha, do livro Rainha D. Teresa «… E Fez Vila o Lugar de Ponte», de Amândio de Sousa Vieira.

A fixação sistemática da população e a sua concentração na margem esquerda do Lima só se veio a verificar, no entanto, com a fundação da vila por D. Teresa, a partir de 1125. Com a Carta de Foral, a Condessa Portucalense protege os habitantes da vila e confere-lhes uma condição privilegiada ante o fisco e a justiça, ao mesmo tempo que incentiva a realização da feira, naquela que é a primeira referência documental conhecida a uma feira no território que depois foi Portugal: “E se alguém fizer algum mal aos homens que de qualquer terra vierem à feira, tanta na ida como na vinda, pague sessenta soldos.”

Independentemente da génese da vila se fixar ainda no século XII, num período anterior à Nacionalidade, a verdade é que, exceção feita à velhinha ponte romana, tudo o que hoje é possível testemunhar remonta apenas ao século XIV. Foi nessa época que Ponte de Lima adquiriu um rosto que perdurou durante séculos e nasceram construções que modelaram, pelo menos na sua zona nuclear, mais reduzida, o seu desenho urbano.

Muralhas

Vila encerrada

A edificação da ponte gótica e da estrutura muralhada, com as suas torres e portas, delinearam uma malha urbana que ainda hoje é notória, sobretudo nas principais artérias do centro da vila e nos principais arrabaldes históricos, como o do Pinheiro, o de São João-de-Fora e o de Além-da-Ponte. No interior do burgo muralhado viviam sobretudo comerciantes e artesãos e as ruas iam sendo batizadas consoante os ofícios dominantes. O arruamento central era a Rua Direita, que unia a Porta de Souto à Porta de São João.

Nos séculos XV e XVI são erguidos em Ponte de Lima, dentro de muralhas, edifícios relevantes, quase todos públicos, que ainda na atualidade marcam o seu centro histórico. Os Paços do Concelho, a Igreja Matriz, o Paço do Alcaide-Mor e o edifício da Santa casa da Misericórdia testemunham o dinamismo da vila nesse período, numa altura em que a organização social começa também a mudar. Às portas do burgo muralhado levanta-se igualmente o Convento de Santo António dos Capuchos.

Pintura em aguarela datada dos inícios do século XVII, com a ponte medieval e aspeto parcial do burgo, observando-se, fora de muros, a igreja do Convento de Santo António.
Século XIX

Largo de Camões

Largo de Camões ainda no século XIX, podendo notar-se ao fundo a Capela de Nossa Senhora do Rosário, hoje desaparecida.

A época seguinte, entre os séculos XVII e XVIII, é marcada por um assinalável florescimento da religiosidade e de fenómenos associados. Numerosas irmandades e confrarias são constituídas e assiste-se a um notável surto construtivo com inúmeras capelas a serem construídas e outros templos de fábrica mais recuada a serem ampliados. Muitas associações religiosas sediadas na Igreja Matriz vão despontar nesse período, em que nasce igualmente a Ordem Terceira de São Francisco e em que a Santa Casa da Misericórdia cimenta a sua influência no seio da comunidade limiana. Uma parte bem significativa dos moradores da vila e dos habitantes de todo o concelho pertenceram a pelo menos uma destas diversas irmandades e confrarias, quando não a várias em simultâneo. É o tempo áureo da procissão do Corpus Christi e da Procissão da Cinza, entre outras.

Avenida António Feijó e a zona alta da vila

Atualidade

O século XIX, marcado pelo fim do processo de demolição da cintura muralhada da vila medieval, vai trazer novos e mais amplos espaços públicos à localidade. Surgem assim a Praça da Rainha e o Largo de Camões. Numa zona mais afastada, no topo da antiga cerca do Convento de S. António, num espaço mais ventilado e de acordo com os preceitos mais recentes da saúde pública, é desenhado o Cemitério Municipal

Ponte de Lima vai ampliando a sua área de construção, de que resultam edifícios como o Teatro Diogo Bernardes e o Palacete Villa Moraes. Numa nova relação que se vai estabelecendo com o rio, aparece o Passeio D. Fernando e mais tarde a Alameda de São João e a Avenida D. Luís Filipe.

Imagem aérea atual de Ponte de Lima, captando a Avenida António Feijó e a zona alta da vila, de expansão mais recente.

Nas primeiras décadas do século XX é aberta a Avenida António Feijó, que impulsionou o crescimento da vila para áreas mais afastadas do rio, na parte alta, onde mais tarde surgirão o Hospital Conde de Bertiandos, a Adega Cooperativa de Ponte de Lima e as Escolas. Expansão que continua nos dias de hoje.

Cronograma

Acontecimentos